A corrupção em Angola permanece como um dos maiores desafios enfrentados pelo país, afectando profundamente vários sectores da sociedade. Desde áreas básicas até segmentos que envolvem esquemas complexos para o desvio de fundos, a prática está profundamente enraizada e continua a gerar consequências graves para o desenvolvimento nacional.
Segundo a Transparência Internacional, uma investigação envolvendo 78 casos de corrupção em diversos países africanos, incluindo Angola, revelou o desvio de impressionantes 3,7 bilhões de dólares em benefício de nações mais ricas. Contudo, mesmo após os processos judiciais contra as figuras de destaque de actos corruptos, a corrupção permanece como um problema persistente.
Dados da Transparência Internacional indicam que membros da elite angolana frequentemente utilizam empresas offshore para ocultar patrimônios e promover interesses próprios. Esses recursos, destinados originalmente ao desenvolvimento de infraestrutura e serviços públicos, acabam desviados para fora do continente africano, com cerca de 80% alocados em países como Reino Unido, Estados Unidos e França.
O economista Anastácio Domingos destacou a profundidade do problema, ressaltando a necessidade de ampliar os esforços anticorrupção liderados pelo presidente João Lourenço. “É fundamental que os mecanismos de controle do Estado atuem com maior rigor e se adaptem às novas formas de atuação dos corruptos. A corrupção não apenas prejudica a economia, mas também compromete a justiça social, criando desigualdades inaceitáveis”, afirmou Domingos. Ele também fez um apelo para que toda a sociedade angolana se envolva nesse combate, denunciando práticas ilícitas e promovendo a igualdade de oportunidades.
As denúncias de corrupção em Angola abrangem setores cruciais, como educação, saúde, segurança pública e administração pública. Exemplos incluem irregularidades na contratação de agentes policiais, emissão de passaportes e documentos de residência, além de desvios ligados à prestação de serviços por empresas contratadas pelo Estado. Segundo Domingos, muitos casos continuam “fora do radar”, mas são amplamente conhecidos pela população.
O economista Dorivaldo Adão apontou avanços na conscientização sobre a necessidade de combater a corrupção, mas destacou que educação e responsabilização devem ser prioridades. “Precisamos reforçar a educação em âmbito familiar e garantir que os infratores sejam devidamente responsabilizados por seus actos”, afirmou.
A Transparência Internacional também recomenda a adoção de medidas mais rigorosas contra o branqueamento de capitais e o repatriamento dos fundos desviados. Essas ações são essenciais para minimizar os danos causados pela corrupção e promover o desenvolvimento socioeconômico do país.