Os camponeses e fazendeiros da província do Bié redireccionaram durante os meses de Novembro e Dezembro, a venda dos produtos colhidos durante a safra 2023/2024 para os grandes centros comerciais do país, nomeadamente Luanda e Benguela.
De acordo com o director do Gabinete Provincial para o Desenvolvimento Económico Integrado, Figueiredo Canguende Numbi, a subida dos preços de produtos como o feijão, milho, soja, legumes e tubérculos no mercado local retraiu os habituais consumidores, facto que levou grande parte dos produtores rurais, famílias camponesas e associações agrícolas a apostarem em mercados mais fortes financeiramente.
Figueiredo Numbi referenciou, que apesar de produtos como o milho, feijão, leguminosas e a soja terem subido, nesta altura, perto de 53 por cento em relação ao preço habitual, mercados como os de Luanda, Benguela e até mesmo a Huíla, aderem com maior naturalidade na compra destes produtos essenciais para a dieta alimentar dos angolanos, o que leva muitos produtores a terem estas regiões como referência.
“É um fenómeno temporário, mas normal no meu entender, porque evita que os produtores vejam as suas mercadorias a se deteriorarem, numa altura em que se aproxima as primeiras colheitas de produtos da safra agrícola 2024/2025, e mercados como os de Luanda, Benguela e mesmo da província da Huíla, mais poderosos financeiramente, são aqueles que absorvem esta produção”, disse.
Mesmo entendimento têm os fazendeiros Cidalino Jamba e Horácio Nancombe. Para eles, nesta altura em que o poderio económico de muitas famílias é reduzido, a melhor maneira de realizar algum encaixe financeiro é realizar vendas para os mercados mais robustos económica e financeiramente, como aqueles que estão localizados no litoral do país, onde a densidade populacional ajuda nas vendas.
Produção nacional
Nesta altura da quadra festiva, a população do Bié aposta na compra de produtos locais, com o objectivo de poupar.
Produtos como a lossuva, lombi, carne de cabra do mato e de pacaça, caprinos, bovinos, suínos e legumes diversos, foram os produtos mais comercializados nos grandes mercados espalhados por todas as sedes municipais.
Os mercados do Chissindo e Chiquendula, no Cuito, Cangala, no município do Chinguar, registaram um número de clientes superior ao habitual, no qual ressaltou a presença de compradores provenientes de diversas regiões do país.
Apesar de uma subida ligeira, comparativamente aos meses anteriores, a bacia de cinco quilos de batata-rena, que anteriormente era comercializada no valor de dois mil e quinhentos kwanzas, actualmente é vendida ao preço de três mil e quinhentos.
Já produtos como o limão, cenoura, repolho, pimento, cebola e alho, que anteriormente eram comprados a preço considerado acessível pelos clientes, subiram em torno dos 23 por cento, facto que despertou a atenção dos consumidores.
Ainda assim, muitos viajantes que utilizam autocarros de diferentes empresas para se deslocarem para o Huambo, Luanda ou Benguela, consideram os preços dos produtos agrícolas na região do Bié, mais acessíveis, comparativamente aos grandes centros urbanos do país.
