O ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, reafirmou esta segunda-feira, em Luanda, o compromisso do Executivo em alargar a taxa de penetração dos serviços bancários, com a meta de atingir 17 milhões de utilizadores até 2027, por via do reforço dos instrumentos alternativos de pagamento.

A declaração foi proferida durante o encerramento da primeira sessão do II Ciclo de Conferências organizado pelo Banco Nacional de Angola (BNA), no Centro de Convenções de Talatona, sob o tema “Instrumentos Alternativos de Pagamento”, que reuniu especialistas nacionais e internacionais para debater soluções que impulsionem a eficiência das transacções comerciais no sistema financeiro angolano.
Mário Oliveira destacou que Angola conta actualmente com cerca de 17 milhões de utilizadores de telefonia móvel — um dado revelador do potencial de inclusão financeira, caso se promova uma integração efectiva entre telecomunicações e serviços bancários.
Para concretizar esta meta ambiciosa, o MINTTICS compromete-se a trabalhar em total alinhamento com a visão do BNA, visando a construção de um ecossistema de pagamentos moderno, seguro, inclusivo e eficaz, capaz de responder às exigências de uma economia digital em expansão.
“O dinheiro pode ser invisível, mas a confiança tem de ser tangível. Ela nasce quando o cidadão percebe que está diante de um sistema rápido, eficiente, justo e seguro”, declarou o ministro.
Mário Oliveira sublinhou ainda que a confiança do cidadão nos meios digitais é um activo precioso, e que o Estado tem o dever de garantir infraestruturas robustas e resilientes para sustentar esta confiança.
TELECOMUNICAÇÕES COMO BASE DO SISTEMA FINANCEIRO DIGITAL
Durante o seu discurso, o ministro destacou os progressos tecnológicos alcançados no sector das telecomunicações, com impacto directo no crescimento de serviços como a Rede Multicaixa, o Multicaixa Express e o Kwik — instrumentos cada vez mais utilizados pelos cidadãos em todo o território nacional.
Segundo Mário Oliveira, o fortalecimento da confiança digital exige infraestruturas resilientes, cobertura nacional e conectividade eficaz. Nesse sentido, destacou os avanços na expansão da rede de fibra óptica terrestre, que já liga as capitais provinciais e principais municípios, bem como a ligação internacional por meio dos cabos submarinos SAT-3, SAX e WACS. Para breve, o país contará também com os cabos 2Africa e Equiano, que reforçarão a capacidade de tráfego de dados e melhorarão a latência no Atlântico Sul.
SATÉLITES E DATACENTERS PARA UMA ANGOLA DIGITAL SOBERANA
O titular do MINTTICS destacou também o papel do satélite ANGOSAT-2 na cobertura nacional, que já permite a activação de terminais e ATMs em zonas remotas. A sua operacionalização foi recentemente reforçada com a instalação de uma gateway satelital em território nacional, permitindo o acesso a serviços de satélites de órbita baixa.
Além disso, salientou a importância dos Datacenters nacionais, como o Angolano e o ANGOTIC, que asseguram a hospedagem de serviços financeiros críticos com baixa latência e total soberania digital. O Executivo está ainda a investir na construção de um novo datacenter e na implementação de uma cloud nacional, voltada para a protecção e gestão eficiente dos dados de instituições estratégicas.
“Estas infraestruturas criam a base tecnológica necessária para que o BNA, a EMIS, os bancos comerciais e as fintechs possam inovar com segurança”, enfatizou.
AVANÇOS NA LITERACIA DIGITAL E NA LEGISLAÇÃO TECNOLÓGICA
Entre os próximos passos, Mário Oliveira anunciou a construção de instalações para alojar as Chaves Públicas de Angola e o Carimbo do Tempo, instrumentos essenciais para a adopção de assinaturas digitais e facturação electrónica, garantindo segurança jurídica no ambiente digital.
Por fim, o ministro reiterou que a transformação digital só será completa se for inclusiva. Para isso, o MINTTICS tem promovido acções de expansão das telecomunicações e formação digital, com foco na redução da info-exclusão e no apoio às comunidades mais vulneráveis.
“É imperativo que ninguém fique para trás neste movimento tecnológico. A inclusão digital é uma responsabilidade do Estado e um direito dos cidadãos”, concluiu.