As sete crianças que haviam sido raptadas a partir do lar de acolhimento de menores “Santa Rita de Cássia”, já foram devolvidas às respectivas famílias, pelo Instituto Nacional da Criança (INAC), em Mbanza Kongo.
As crianças, com idades entre 7 e 17 anos, raptadas, no passado mês de Maio, por uma suposta missionária, com promessas de bolsa de estudo, estavam a ser levadas à República Democrática do Congo (RDC) e foram impedidas pela intervenção dos agentes da Polícia de Guarda Fronteira, colocados no Posto do Luvo. No acto de devolução dos menores às famílias, o chefe de Departamento do Serviço Provincial do INAC no Zaire disse que a instituição localizou as famílias e cumpriu com todos os trâmites para devolvê-las aos respectivos progenitores.
Rafael Kidiwa aconselhou os pais e encarregados de educação a terem maior cuidado e muita atenção a quem entregam a tutela dos filhos, principalmente, para beneficiar de uma formação profissional e académica. No acto, agradeceu a pronta intervenção das forças policiais que conseguiram resgatar as crianças, quando tentavam atravessar a fronteira.
Promessas
Lucrécia José, mãe de uma das crianças, de 11 anos, contou que foi contactada em Março último, por uma suposta funcionária do lar “Santa Rita de Cássia”, localizado no bairro dos Ramiros, em Luanda, com a proposta de ter meio de ajudar o filho a estudar fora do país, na RDC e Portugal, por uma bolsa de estudo.
Na altura, conta, aceitou o pedido, pois parecia ser uma oportunidade única. “A funcionária do centro pediu, como exigência, que o menino fosse enviado ao lar e 150 mil kwanzas, dos quais apenas dei 20 mil, o único valor disponível naquele momento”, lembrou, acrescentando que três dias depois recebeu um telefonema da Polícia Nacional, a partir da fronteira do Luvo, em Mbanza Kongo, a informar que o filho estava a ser levado para RDC.
Calsom José, pai de dois meninos, de 11 e 17 anos, que também estavam a ser levados, agradeceu os esforços da Polícia Nacional, que tudo fez para devolver os filhos. Outro pai na mesma condição foi Cardoso Alfredo, residente no Cuanza-Sul.
“Conheci a suposta missionária por intermédio de um dos meus filhos, que trabalha, como camponês, na lavra de alguns padres católico em Luanda. Ele disse que estavam à procura de crianças para beneficiar de formação académica e profissional, financiado pela Igreja Católica. Por isso, aceitei enviar o menino”, explicou Cardoso Alfredo.
Antes de entregar o menino, disse, foi até Luanda, onde manteve um encontro com a suposta missionária. Porém, ficou surpreso, quando dias depois, foi informado que as crianças haviam sido encontradas em Mbanza Kongo, pela Polícia Nacional. “Cheguei a dar 100 mil kwanzas, dos 200 mil que me pediram para os meninos beneficiarem da bolsa de estudo no estrangeiro”.
A detecção
De recordar que as supostas freiras, todas da RDC, foram detidas pelas forças da Polícia de Guarda Fronteira, quando em companhia de sete crianças menores de 17 anos, tentavam atravessar a fronteira em direcção ao país vizinho, utilizando as vias clandestinas, vulgo caminho “Fioti”.
Depois da detecção, a suposta missionária, de 46 anos, de nacionalidade congolesa, tentou corromper os agentes da Polícia Nacional em serviço com 49 mil kwanzas.