Moçambique: “há tentativa de alterar o poder por via ilegal”, diz ministro

Ministro da Defesa de Moçambique Exibe Vídeos de Moçambicanos Preparando Bombas Caseiras e Alertam para Potenciais Riscos nas Manifestações

O Ministro da Defesa de Moçambique, Cristovão Chume, revelou, nesta terça-feira, 05 de novembro de 2024, em uma conferência de imprensa, que vídeos perturbadores começaram a circular nas redes sociais mostrando cidadãos moçambicanos em processo de fabricação de bombas caseiras. O ministro alertou que os vídeos, que estão sendo amplamente compartilhados na internet, indicam uma crescente mobilização para a violência, com instruções explícitas sobre como utilizar esses artefatos em possíveis manifestações e protestos.

Chume explicou que os vídeos foram cuidadosamente analisados pelas autoridades de segurança, que identificaram sinais claros de que os responsáveis estavam a ser treinados, ou, pelo menos, orientados, sobre como fabricar e utilizar explosivos caseiros durante manifestações públicas. Embora os vídeos ainda não tenham sido totalmente verificados quanto à sua autenticidade ou contexto, as imagens são suficientemente alarmantes para acionar as forças de segurança a adotarem medidas preventivas e de contenção.

O ministro frisou que a situação é particularmente preocupante, dado que Moçambique tem enfrentado um período de crescente tensão social e política. Nos últimos meses, tem havido manifestações em várias partes do país, muitas das quais resultaram em confrontos entre cidadãos e as forças de segurança. Embora o direito à manifestação seja um princípio constitucional, o uso de métodos violentos, como o lançamento de bombas caseiras, é inaceitável e coloca em risco a segurança da população, afirmou Chume.

“É nosso dever como Governo garantir a segurança e a paz em nosso país. Não podemos permitir que atos de violência, como os que vimos nos vídeos, se tornem uma prática comum em qualquer tipo de manifestação ou protesto. A lei é clara e quem recorrer à violência será responsabilizado de acordo com os mecanismos legais existentes”, declarou o Ministro.

Além da apresentação dos vídeos, Chume também ressaltou que a situação está sendo monitorada de perto pelas autoridades, que estão em constante contato com as forças de segurança para identificar e neutralizar qualquer tentativa de uso de explosivos ou outros dispositivos perigosos em protestos. O Governo também reafirmou o seu compromisso em respeitar o direito à manifestação pacífica, mas deixou claro que a violência não será tolerada em nenhuma circunstância.

Em resposta a essas alegações, algumas organizações da sociedade civil expressaram preocupação sobre a possibilidade de que a apresentação pública desses vídeos possa intensificar o clima de desconfiança e tensão entre a população e as autoridades. Defensores dos direitos humanos pediram uma abordagem equilibrada por parte do Governo, que deve garantir a segurança sem infringir os direitos fundamentais dos cidadãos, especialmente o direito à liberdade de expressão e reunião pacífica.

A revelação dos vídeos ocorre em um momento de crescente frustração entre certos setores da população, em especial aqueles que se opõem à atual administração, que apontam a má gestão económica, os altos índices de pobreza e a falta de oportunidades de emprego como fatores que têm alimentado o descontentamento social. Alguns analistas sugerem que a crescente radicalização de algumas manifestações pode estar a ser influenciada por atores externos ou por grupos com agendas políticas específicas, mas as investigações continuam em curso.

O caso levanta questões sérias sobre a segurança interna e sobre a gestão de manifestações públicas no país, com o Governo de Moçambique enfrentando o desafio de equilibrar a proteção da ordem pública e os direitos civis em um contexto de crescente polarização política e social.

A situação continua a evoluir, e as autoridades apelaram para que os cidadãos se abstenham de recorrer à violência e se envolvam em protestos pacíficos, de acordo com a legislação moçambicana. O ministro Cristovão Chume finalizou a conferência apelando à “responsabilidade de todos os moçambicanos para manter a paz e a estabilidade do país”, sublinhando que a segurança de todos é uma prioridade para o Governo.

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