“O Presidente dos Santos não nos fez mal a ponto de nós perseguirmos a família”

Na entrevista à Jeune Afrique, o presidente de Angola, João Lourenço, abordou diversos temas, incluindo a luta contra a corrupção e a situação política interna.

Sobre a corrupção, Lourenço defendeu que as acusações de seletividade, especialmente contra a família de José Eduardo dos Santos, são infundadas. Ele citou vários casos, como a investigação na Administração Geral Tributária, e afirmou que as decisões judiciais são imparciais, baseadas na lei e no Código Penal. Quando questionado sobre o perdão concedido a José Filomeno dos Santos, disse que só quem foi julgado e condenado poderia ser indultado, descartando a possibilidade de Isabel dos Santos receber o mesmo tratamento sem um julgamento.

Em relação às eleições de 2022, Lourenço afirmou que o MPLA não perdeu a eleição, pois obteve mais de 51% dos votos, o que lhe confere legitimidade para governar. Também abordou a queda na taxa de participação, argumentando que a abstenção é um fenômeno global, observando que até em países desenvolvidos isso ocorre.

No que diz respeito à situação de segurança em Cabinda, o presidente refutou a ideia de que o movimento FLEC representa uma ameaça ao território angolano, destacando que o investimento privado na província continua, incluindo a construção de uma refinaria.

Lourenço também falou sobre a possibilidade de um terceiro mandato, afirmando que o MPLA não alterou a Constituição para permitir isso, e se disse preparado para servir o país de diversas maneiras após 2027, seja por meio de atividades patrióticas ou intelectuais.

Em relação à reconciliação nacional, ele a descreveu como um processo contínuo, destacando que, após 23 anos da guerra civil, Angola não retornou às armas, um sinal positivo. Ele também abordou as desculpas oficiais às vítimas do 27 de Maio de 1977 e outros conflitos, destacando que a busca pelas vítimas e suas famílias continua.

Ao falar sobre a União Africana, Lourenço expressou orgulho por ser o primeiro presidente angolano a liderar a organização, mas afirmou que será cedo para avaliar sua eficácia até que o mandato termine. Para ele, a presidência da União Africana é um desafio importante, e ele espera contribuir significativamente para o continente.

Por fim, sobre sua trajetória, lembrou de sua formação militar e experiência em diversas funções, como governador e ministro da Defesa, destacando que se considera um militar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

PUBLICITA AQUI SEU PRODUTO!