A Ordem dos Enfermeiros de Angola (ORDEFA) revelou uma realidade alarmante: cerca de 70% das escolas de enfermagem funcionam sem autorização legal. A denúncia foi feita pelo bastonário da Ordem, Eduardo Caiangula, com base nos dados do Gabinete de Inspecção do Ministério da Saúde.

Durante um encontro de auscultação sobre os desafios dos técnicos privados de saúde, realizado ontem na sede da ORDEFA, Caiangula destacou que a proliferação de instituições ilegais compromete a qualidade da formação e, consequentemente, a segurança dos pacientes.
“O que observamos em Luanda é que muitas dessas instituições priorizam o comércio em detrimento da qualidade do ensino. É um cenário preocupante, e os órgãos competentes devem intervir para regulamentar o setor”, alertou o bastonário.
Segundo o responsável, algumas dessas escolas promovem cursos intensivos de curta duração sem qualquer reconhecimento oficial, com o objetivo de inserir profissionais despreparados no mercado de trabalho. Além disso, muitas delas emitem certificados falsos, permitindo que pessoas sem a devida formação consigam ingressar no setor da saúde.
Caiangula reforçou que os certificados emitidos por instituições legalizadas são autênticos, mas o problema reside na existência de indivíduos que, sem formação adequada, utilizam esses documentos de forma fraudulenta.
Para combater essa situação, a ORDEFA tomou medidas concretas:
-Convocação de diretores de institutos privados de saúde para discutir soluções e melhorar a fiscalização.
-Identificação de profissionais com certificados irregulares em instituições de ensino ilegal.
-Aperfeiçoamento do processo de credenciamento das unidades de ensino de enfermagem.
O bastonário revelou ainda que, só no ano passado, a ORDEFA identificou 500 profissionais inseridos em unidades de saúde com certificados sem nunca terem frequentado uma formação em enfermagem.
Diante desse cenário, a Ordem dos Enfermeiros de Angola reforça a necessidade de ação urgente das autoridades competentes para impedir que instituições ilegais continuem a comprometer a qualidade dos serviços de saúde no país.