O Ministério Público na província do Huambo considera existir factos suficientes de acusação dos arguidos implicados arrolados no processo n.º 82231/024, da tentativa de actos terroristas, que visavam destruir infra-estruturas identificadas nos autos como, a Refinaria de Petróleo de Luanda, a Zona Económica Especial, o Edifício da Comissão Nacional Eleitoral, denominado Margareth Anstee, a Embaixada dos Estados Unidos da América, a Imprensa Nacional, o Palácio Presidencial, todos localizados na província de Luanda, e ainda, o Centro de Distribuição de Energia Eléctrica do Belém, as Instalações de Armazenamento de Combustíveis da Sonangol e o Edifício do Serviço de Investigação Criminal, estes últimos localizados na província do Huambo.
Segundo o documento, os crimes imputados aos arguidos revestem-se de especial sensibilidade e complexidade, em função da qualidade de alguns arguidos, funcionários públicos, da própria repercussão pública do facto, o elevado valor e importância dos alvos identificados, bem como pela forma organizada em que prepararam as acções a que se propunham realizar, pelo que, se promove a manutenção das medidas, ora aplicadas aos supostos criminosos.
Entretanto, o advogado David Mendes disse que o seu escritório foi solicitado para prestar advocacia dos supostos implicados. Falando este domingo à Rádio Correio da Kianda, avançou esperar que os autores morais venham a ser responsabilizados. E, acredita que o Ministério Público poderá chamar o deputado, que alegadamente está envolvido na tentativa do crime, em fórum especial.
O causídico, entende que os arguidos desistiram dos actos preparatórios por livre iniciativa, isso em si só, pode servir de atenuante, e disse que a acusação do Ministério Publico “não foi feliz em termos do enquadramento legal”.
O advogado considerou que os seus constituintes gozam da presunção de inocência, até o processo transitar em julgado, e destacou a verticalidade e a coerência do cabecilha, que assume os actos e consciente das consequências.
Entretanto, David Mendes, entende que politizar a situação dos arguidos é causar maior sofrimento, para além do que já estão a passar na cadeia.
Vale lembrar que, no dia 25 de Outubro de 2023, ο cabecilha do grupo, João Gabriel Deussino, mais conhecido por Joel, teria adquirido o bilhete de passagem n.º 0712141547659, da Ethiopian Airlines, ao preço de um milhão, noventa e cinco mil, setecentos e trinta e oito kwanzas, tendo viajado entre os dias 27 de Outubro de 2023 a 29 de Novembro de 2023, para a cidade de Ouagadougou, República do Burkina Faso, onde terá sido recebido por funcionários da Presidência daquele país, liderado pelo Capitão Ibraim Traoré. O documento que temos vindo a citar não refere o que foi tratado.
Este é um assunto que o caro ouvinte poderá acompanhar outros dados no programa informativo Capital Central, desta segunda-feira, 27, com início a partir das 6 horas e análises às 09 horas.
Relembre o caso
O Serviço de Investigação Criminal afirmou, em conferência de imprensa, ter desmantelado um grupo de terroristas, que pretendia explodir o Palácio Presidencial, na cidade alta em Luanda.
O porta-voz da corporação disse que o grupo de cidadãos angolanos, com ramificações estrangeiras, pretendia, igualmente, explodir a Refinaria de Luanda, mais propriamente na zona onde se encontram os reservatórios de combustíveis.
Manuel Halaiwa esclareceu que o grupo, liderado por João Gabriel, de 34 anos, mais conhecido por Joel, tinha como intenção atingir, através de detonação de explosivos, a zona onde estava hospedado o presidente norte-americano, Joe Biden, no âmbito da sua visita ao país no ano passado.
Sobre o assunto que está a dividir a opinião pública atinente a quantidade dos engenhos explosivos apreendidos pelas autoridades, o porta-voz do SIC, Manuel Halaiwa, sem gravar a entrevista, disse à Rádio Correio da Kianda, que são 60 engenhos, ou seja, granadas, e não 60 toneladas, como se especula nas redes sociais.