Importação de alimentos gasta entre dois e três mil milhões de dólares por ano

A importação de alimentos continua a exigir do país o desembolso de somas avultadas, que estão estimadas entre dois e três mil milhões de dólares por ano, embora se calculem, nos últimos 20 anos, investimentos na agricultura de perto de quatro mil milhões de dólares.

Na recente mesa-redonda que organizou, a Ordem dos Economistas de Angola (OEA) entende como razões da baixa produtividade agrícola e pecuária, neste momento, os baixos níveis de financiamento público e a concessão de crédito aos agricultores.

Na mesa-redonda “O Desenvolvimento Agrícola de Angola com Base em Recursos Internos”, foi ainda clarificada que a agricultura angolana tem vindo a registar um crescimento anual  entre cinco e seis por cento nos últimos anos.

“Ao mesmo tempo, desde o fim da guerra civil, assiste-se a um certo aumento do peso do sector nas decisões políticas. Contudo, continuamos a importar alimentos que atingem valores entre dois e três mil milhões de dólares anuais, sendo do conhecimento geral que grande parte desses alimentos podem ser produzidos internamente”, disse Maria Bravo.

Segundo a bastonária da Ordem dos Economistas de Angola, muitas têm sido as críticas à falta ou à reduzida eficácia e eficiência dos investimentos no sector, quer em infra-estruturas, quer na produção directa ou nos serviços, que nos últimos vinte anos podem ter atingido valores próximos dos quatro mil milhões de dólares.

“Infelizmente não são conhecidos estudos que permitam uma avaliação fundamentada de tais investimentos de modo a perceber os efeitos reais. Hoje, existe um certo consenso mais ou menos alargado sobre o que podem ser considerados os grandes pontos de estrangulamento no sector agrícola. Na impossibilidade de se elencarem todos ou mesmo os mais importantes, foram escolhidos quatro que dizem respeito ou afectam todos os agricultores de modo transversal”, reconhece.

Mesa-redonda

Sobre as motivações da não inclusão do tema do crédito na mesa-redonda, Maria Bravo afirmou que, propositadamente, se deixou de fora tal questão, pois pela importância própria do assunto, o mesmo deve ser tratado em fórum específico, para não haver desvios de foco. Disse que também não trataram de temas que tenham a ver mais, directamente, com a produção agrícola e pecuária pelo facto desse assunto inesgotável dizer mais respeito aos técnicos e aos produtores.

O propósito da mesa-redonda, a OEA fez saber que a mesma se dirige mais aos aspectos que condicionam a própria produção, como a questão da terra, que constitui o primeiro ponto de estrangulamento.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Florestas, dos 36 milhões de terras aráveis, são cultivados, anualmente, seis milhões de hectares, que representam menos de 20 por cento das terras aráveis existentes.

Segundo ainda o MINAGRIF, já foram concedidos 3,1 milhões de hectares, para uso e usufruto, nos termos da Lei de Terras.

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