João Lourenço e o Risco de Ser Lembrado como o Presidente do “Milagre” Económico que Não Aconteceu

Carlos Panzo – Economista

Quando João Lourenço assumiu a presidência da República de Angola em 2017, o seu discurso estava repleto de promessas ambiciosas. O Presidente entrou no poder com a missão de transformar a economia do país, modernizar a infraestrutura e reduzir a dependência do petróleo, um setor altamente volátil e susceptível a crises internacionais. A ideia era criar as bases para um crescimento económico sustentável, inclusivo e que gerasse uma prosperidade duradoura para a população angolana.

Contudo, conforme o seu mandato se aproxima do fim, a realidade parece estar distante das promessas feitas. O país continua a enfrentar uma série de desafios económicos e sociais que comprometem o legado do atual presidente, que, apesar de algumas medidas adotadas, não conseguiu evitar os problemas estruturais persistentes que afligem a economia angolana. A falta de um crescimento expressivo, a elevada taxa de desemprego, e os níveis alarmantes de desigualdade social mostram que as mudanças esperadas, até agora, têm sido superficiais e ineficazes em lidar com as questões de fundo.

Um dos maiores fracassos do governo de João Lourenço é a continuidade da dependência do setor petrolífero. Embora tenha havido esforços para diversificar a economia, as medidas adotadas ainda são insuficientes para reduzir de forma significativa essa dependência, o que mantém Angola vulnerável às flutuações no preço do petróleo e à instabilidade econômica global. Além disso, os investimentos em setores como a agricultura, indústria e tecnologia continuam aquém do necessário, o que enfraquece a capacidade do país de criar empregos e gerar valor a partir de outras fontes que não o petróleo.

Embora o Presidente tenha ousado prometer um desenvolvimento económico robusto e sustentável, os alicerces necessários para alcançar esse objetivo não foram suficientemente construídos. E, por mais que se tente corrigir o rumo nos últimos anos, as reformas e medidas tomadas não conseguiram gerar os resultados esperados. O tempo já não é um aliado e a história será implacável no seu julgamento. Ao invés de ser lembrado como o líder que concretizou o “milagre” económico prometido, João Lourenço corre o risco de ser visto como aquele que não conseguiu dar o passo decisivo para transformar Angola em uma economia diversificada e próspera.

O fracasso em diversificar a economia, a persistente crise fiscal e a crescente insatisfação social indicam que, ao final do seu mandato, o presidente de Angola poderá ser lembrado como o líder que não conseguiu ir além das promessas de mudança, ficando aquém das expectativas depositadas nele. O legado que parecia promissor no início parece cada vez mais vulnerável ao julgamento implacável da história. E, com isso, o sonho de um “milagre” económico em Angola continua distante.

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