O Presidente da República, João Lourenço, expressou, domingo, profundo pesar pelo falecimento do antigo Presidente da Namíbia, Sam Nujoma, ocorrido no sábado, aos 95 anos.

Numa mensagem dirigida ao homólogo namibiano, Nangolo Mbumba, João Lourenço destacou o legado de Nujoma na luta pela Independência e na construção de uma nação forte e democrática.
“A sua experiência, conhecimentos e sagacidade foram fundamentais para impulsionar iniciativas no seio da SADC, fortalecendo a integração regional e o desenvolvimento da Zona Austral do continente”, sublinhou o Chefe de Estado angolano.
João Lourenço pediu ainda que os seus sentimentos de pesar fossem estendidos à família enlutada, amigos e ao povo namibiano.
O líder guerrilheiro faleceu após três semanas de internamento num hospital de Windhoek, indicou o Presidente da Namíbia, Nangolo Mbumba, em comunicado. “As fundações da República da Namíbia foram abaladas, com a morte do Pai da Nação”, indicou o Chefe de Estado namibiano no seu comunicado.
Explicou que, desta vez, o filho mais valente da nossa terra não conseguiu, infelizmente, recuperar-se da doença. Realçou ainda que Nujoma “orientou o povo namibiano durante as horas mais sombrias da nossa luta de libertação”.
Nujoma foi activista e líder guerrilheiro, que se tornou no primeiro Presidente democraticamente eleito da Namíbia, depois de o país conquistar a Independência do regime do apartheid da África do Sul.
Reverenciado como Pai da Nação e ícone da luta de libertação da Namíbia, Sam Nujoma correspondeu às expectativas dos namibianos, em várias vertentes. Assumiu a liderança do país em 21 de Março de 1990 e foi, formalmente, reconhecido como o Pai Fundador da Namíbia por meio de um acto do Parlamento, em 2005, tendo conduzido o país por 15 anos.
Nascido a 12 de Maio de 1929, no seio de uma família de agricultores, Sam Nujoma era o mais velho de 10 filhos. Cuidava de vacas e cabras, até que, aos 17 anos, deixou a remota aldeia do Norte onde vivia para se mudar para a cidade portuária ocidental de Walvis Bay. Descobriu a discriminação contra os negros e depressa tornou-se sindicalista, frequentando aulas nocturnas, em que conheceu activistas pró-Independência.
Forçado a exilar-se em 1960, no Botswana, depois no Ghana e nos Estados Unidos, teve de deixar para trás a mulher e quatro filhos. À frente da Organização dos Povos do Sudoeste de África (SWAPO), lançou-se à luta armada em 1966 e a guerra da Independência custou mais de 20 mil vidas.
Quando se tornou Presidente, Sam Nujoma recusou-se a criar uma comissão para examinar as atrocidades cometidas durante os 23 anos de conflito entre a SWAPO e os esquadrões da morte pró-sul-africanos. Depois de se retirar da vida política, regressou à escola e obteve um mestrado em Geologia, convencido de que as montanhas da Namíbia estavam repletas de riquezas minerais inexploradas.
Mensagem do MPLA
O MPLA manifestou consternação pela morte de Sam Nujoma, “um grande amigo de Angola, dos angolanos e do MPLA em particular, com quem partilhava uma longa história de luta e de vitórias”.
Na mensagem, o MPLA lembra que Sam Nujoma, à frente da SWAPO e com a sua liderança visionária, conduziu a luta de libertação à Independência da Namíbia.
“Em nome dos seus militantes, amigos e simpatizantes e de todos os irmãos de trincheira na luta comum contra o regime do apartheid”, o “MPLA verga-se perante a sua memória” e endereça condolências à família, ao povo namibiano e à SWAPO. “Que o seu espírito patriótico, expresso em palavras e acções, sirva-nos de inspiração no exercício que deve ser comum de desenvolver o nosso continente e a nossa região em particular”, lê-se na nota.